Gosto de começar meus artigos e palestras contando uma história. Fazendo isso estou apenas seguindo o exemplo do maior comunicador que o mundo conheceu. Certa ocasião, ele resumiu os Dez Mandamentos em apenas um: “Amarás a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.” Então, para colocá-lo à prova, alguém perguntou: “Quem é o meu próximo?” E ele respondeu com uma história:
Um homem que viajava de Jerusalém para Jericó foi surpreendido por assaltantes que roubaram tudo o que ele tinha e o deixaram muito ferido. Algum tempo depois, um sacerdote passou, viu o homem desfalecido mas seguiu sem fazer nada. Depois veio um levita, que também passou sem socorrê-lo. Passou depois um samaritano, que se compadeceu ao ver o homem caído, limpou seus ferimentos e o levou para uma hospedaria, onde tratou dele. No dia seguinte, procurou o dono da hospedaria, a quem pagou para cuidar do homem até que ele se recuperasse.
Os levitas e os sacerdotes tinham muito prestígio entre os hebreus nessa época, mas os samaritanos eram considerados pessoas de nível inferior – e esse era o principal sentido da história. Quando Jesus acabou de contá-la, perguntou: “Qual desses três parece ser o próximo do homem assaltado?” A resposta não poderia ser outra: “Aquele que teve misericórdia e lhe deu socorro.”
O vestido azul
Tem gente que se comove ao ver notícias de flagelados em lugares distantes, mas para ajudar ao próximo não é preciso ir longe nem abandonar os afazeres diários. Como a palavra “próximo” já diz claramente, bem pertinho da nossa casa existem pessoas precisando de ajuda.
Para fazer a nossa parte, não precisamos esperar que os outros façam a sua parte, e nem devemos esperar do governo a solução de todos os problemas que estão acontecendo ao nosso redor.
Num bairro pobre, morava uma garotinha que freqüentava a escola pública local. Ela era muito bonita, mas quase sempre se apresentava suja, com roupas velhas e maltratadas.
O professor ficou com pena da menina, separou algum dinheiro do seu salário e lhe deu um vestido novo. Ela ficou linda no vestido azul.
Quando a menina chegou em casa, sua mãe sentiu que não podia deixar que sua filha fosse tão suja para a escola naquele vestido. Por isso, passou a lhe dar banho todos os dias, pentear seus cabelos e cortar suas unhas. No final da semana, o pai observou a filha e falou: “Mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, tão bonita e bem arrumada, more em um lugar caindo aos pedaços? Vamos arrumar melhor a casa. E nas horas vagas vou pintar as paredes, consertar a cerca e plantar um jardim.”
Logo a casa se destacou pela beleza do jardim e pelo cuidado em todos os detalhes. Os vizinhos ficaram envergonhados e resolveram também arrumar as suas casas, com flores, pintura e criatividade.
Em pouco tempo, o bairro todo estava transformado. Um líder comunitário, que acompanhava os esforços daquela gente, viu que eles mereciam auxílio, foi ao prefeito expor suas idéias e saiu de lá com a incumbência de formar uma comissão para indicar melhoramentos necessários ao bairro. A rua foi asfaltada, os esgotos a céu aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania.
E tudo havia começado com um vestido azul…
Não era intenção daquele professor consertar toda a rua, nem criar um organismo que socorresse o bairro. Ele fez o que podia, deu a sua parte, e acabou fazendo outras pessoas se motivarem a lutar por melhorias. É difícil reconstruir um planeta, mas é possível dar um vestido azul de presente para uma criança pobre. Há moedas de amor que valem mais do que os tesouros bancários, quando endereçadas no momento próprio e com bondade.
Bem perto de nós
Há muitas formas de ajudar. Nem sempre temos condições de arregaçar as mangas como voluntários em uma instituição de caridade, mas podemos nos reunir para viabilizar ações comunitárias. Esta prática tem sido bem-sucedida em muitas empresas, onde surgem grupos de voluntários.
Esse movimento está tendo grande destaque, pois este ano é considerado o “Ano do Voluntariado”. Além de ajudar a minimizar o sofrimento dos necessitados, quem colabora realiza-se internamente e isso vai repercutir favoravelmente em sua vida. Inclusive na sua vida profissional e na performance da sua empresa, pois os companheiros de trabalho, atuando juntos em um projeto social, adquirem mais espírito de equipe. A empresa, por outro lado, exerce sua responsabilidade social e passa a ter presença mais harmoniosa na comunidade. As gerências de Recursos Humanos e a empresa como um todo devem prestigiar essas iniciativas, que geram excelentes resultados.
Diz um ditado popular: “Quem dá aos pobres, empresta a Deus”. E como sabemos que “Deus é mais”, tenho certeza de que Ele paga bem acima dos juros da poupança…
Ajuda humanitária não é só dinheiro. Diz respeito ao ser humano. Somos todos iguais perante Deus, e o bom samaritano não procurou saber a origem social do homem assaltado. Ajudou sem olhar a quem. Simplesmente, ajudou.