e nesse meio tempo faz o que gosta.
(Bob Dylan)
Depois de dominar a Grécia e o Egito, Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, seguiu na direção do Oriente, conquistando todas as terras por onde passava, e chegou às margens do rio Indo, junto ao Himalaia. Ele tinha a intenção de conquistar a Índia e de seguir fazendo outras conquistas, mas suas tropas estavam esgotadas depois de vários anos de batalhas incessantes.
Conta-se que nesse momento, em vez de celebrar a vitória como sempre fazia, começou a chorar. Ele, que jamais perdera uma batalha e havia conquistado o maior e mais rico império que já havia existido, não tinha mais a motivação da conquista. Não via mais sentido nos sacrifícios que havia imposto a si mesmo e aos seus soldados, enfrentando situações adversas durante vários anos em busca de mais poder. Regressou à cidade de Babilônia, onde instalou a capital do seu império e, algum tempo depois, adoeceu. Tinha apenas 32 anos quando morreu, provavelmente de coma alcoólico.
Não é preciso ser um rei, como Alexandre, para viver situações como essa. Histórias semelhantes podem ocorrer com qualquer um de nós. Tanto é que, em certos momentos, vem à nossa mente a seguinte pergunta: “Era assim mesmo a vida que eu almejava?”
As pessoas reagem de diferentes maneiras a essa perguntinha interna. Há quem nem queira escutá-la, preferindo deixar tudo como está. Se estiver plenamente satisfeito com a vida que leva, ótimo, siga em frente! Porém muitos fogem desse questionamento somente por inércia e acomodação. Outros decidem mudar de vida sem refletir e planejar o suficiente. Outros estabelecem uma meta e programam cada passo da trajetória que desejam trilhar – e esta é a melhor maneira de atingir seu objetivo. Pode ser que o objetivo final não se altere; afinal de contas, essa é a sua vocação, é o que você gosta, mas alguma coisa não está indo bem, então o que você precisa mudar é a maneira de chegar lá. Como sempre digo, “a viagem é mais importante que o destino”.
Precisamos dar um sentido a nossas vidas, que não seja forjado pela ambição vazia. A vida de alguém passa a ter sentido quando sua presença se torna importante para outras pessoas. Se você é assim, está fazendo diferença para melhorar o mundo, independentemente da carreira que você segue. Essa atitude é possível em qualquer profissão, qualquer nível social e cultural. Você não precisa ser uma celebridade ou um líder poderoso cujos atos repercutem na vida de milhões de pessoas. Mais importante do que a quantidade de pessoas que o conhecem é a qualidade da sua presença para aqueles que estão próximos – familiares, colegas de trabalho, amigos, vizinhos, a comunidade em torno de você.
Ter muito sucesso, ser um campeão, sempre competitivo e ágil… É o que muita gente cobra de si mesmo, por acreditar que isso é vencer na vida. Será? O que você quer da vida? Pare um pouco e procure pensar por si mesmo. Para responder essa pergunta, esqueça por um momento a cobrança dos outros, a expectativa de seus pais sobre você quando criança, as autoexigências que você se impôs, os modelos de sucesso que você vê na publicidade ou nos livros de autoajuda.
Fazer o que se gosta é realmente o segredo da motivação na vida profissional? Ao procurar saber qual seria a sua verdadeira vocação, você pode ser influenciado por modelos externos ou pela expectativa dos outros. Na verdade, a vocação se revela enquanto você está fazendo um trabalho: no modo como você se sente e no talento que demonstra durante a atividade. O segredo, mais do que fazer o que se gosta, é gostar do que se faz.
Competir é muitas vezes necessário na vida. Não é algo inventado pelo ser humano: os animais e até mesmo as plantas competem por seu espaço vital e pela sobrevivência. Porém, não se esqueça de que só vale a pena competir quando você realmente deseja aquela conquista, exatamente aquela, não para ganhar por ganhar, não para mostrar aos outros que venceu, mas sim para conquistar a si mesmo, como um objetivo fundamental em sua vida.