Ainda cursando Administração, décadas atrás, comecei a trabalhar na Volkswagen como trainee, como se diz hoje, e em algum tempo me tornei supervisor.
Quando contei à minha mãe que pediria demissão para trabalhar por conta própria, ela ficou preocupada: eu ia deixar uma situação segura, com plano de saúde e outros benefícios?
Enquanto isso, meu pai comentava: “Se quer mudar, mude. Pior do que está não fica”. Era como se ele dissesse: “Confie em você, filho, e assuma o novo desafio”.
Em sua experiência de agricultor, ele via boas chances na mudança. O agricultor percebe a natureza em transformação. Uma terra que era boa pode não ser mais fértil. As condições mudam, tirando você da zona de conforto para entender o que precisa ser feito.
Hoje, com nossos filhos, costumamos ter aquela preocupação de minha mãe, mesmo quando nossas próprias atitudes são como as da Geração Y.
Os jovens de hoje não se preocupam em ficar no emprego por causa de segurança. Buscam desafios. Não têm medo de sair de sua zona de conforto. Valorizam a qualidade de vida. Não esperam a aposentadoria para isso. São arrojados. Nesse campo só lhes recomendo que, além da coragem, usem sempre uma pitada de cautela.
Porém, a coisa complica quando essas atitudes se refletem na vida pessoal e os relacionamentos passam a ser descartáveis.
As pessoas casam e descasam por impulso, sem medir consequências. Conheço gente de trinta e poucos anos de idade com três ou quatro ex-casamentos no currículo.
Todos têm o direito de recomeçar algo que não está bem. Mas é preciso ter cuidado com as decisões impensadas, pois os filhos vão ficando pelo meio do caminho. E um dia os meninos da “Geração Z” vão precisar do apoio que tive de meus pais: um mix de prudência e ousadia, firmeza e humildade.