Quando estive em Parma, na Itália, em 2015, visitei uma biblioteca de muitos milhares de livros que não podiam ser tocados pelas mãos dos visitantes, nem mesmo fotografados com flash. Então pensei, olhando aqueles volumes: quantas histórias, quantas reflexões importantes estão nesses livros e poderiam ser uteis a todos nós!
É claro que muitos daqueles livros estão disponíveis em edições mais recentes, ou até em formato digital pela internet, porém alguns deles ficaram no tempo e não estão mais ao alcance dos leitores.
Pensei também na grande quantidade de autores nos dias de hoje, muitos imaginando que estão a escrever novidades, sem saber que ideias semelhantes já estão há vários séculos nos livros raros da biblioteca de Parma e em tantas outras… Não existe novidade debaixo do céu, nem em cima da terra.
E fiquei imaginando quantas histórias interessantes eu poderia encontrar nesses livros, inclusive para usar em minhas palestras, pois sempre ilustro as reflexões com histórias que as pessoas nunca mais esquecerão…
Recentemente, o Clube do Livro de Florianópolis, ao qual pertenço, coordenado pela dinâmica Amanda, escolheu o livro Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam (1466-1536), para a leitura do grupo.
Os textos do Elogio da Loucura, considerado um dos mais influentes livros da civilização ocidental, são cheios de citações da mitologia grega, mas encontrei dentro dele essa preciosidade, em linguagem surpreendentemente atual, que estou passando para meus leitores:
“Pode-se amar alguém quando se odeia a si mesmo? Pode-se viver em bom entendimento com os outros quando não se está de acordo com o próprio coração? Pode-se oferecer algo de bom à sociedade quando se está aborrecido e fatigado com a própria existência? Quem não consegue suportar a si próprio não consegue suportar os outros. De que servirá a beleza, o presente mais precioso que os imortais podem dar aos homens, se quem a possui não gosta de si mesmo? Quais serão as vantagens da juventude, se está infectada pelo negro veneno da melancolia?”
Caro amigo, estas palavras não estão em livros atuais de autoajuda, e sim nas páginas do Elogio da Loucura, livro escrito em 1509, início do século XVI, quando o continente americano começava a receber as caravelas portuguesas e espanholas.
Podemos resumir esse trecho de Erasmo, contextualizando-o para o momento atual, com uma frase simples e direta:
O que falta é atitude positiva, firme e cheia de entusiasmo,
para colocar em prática e melhorar a vida de todos nós.
Abraços do
PROF. GRETZ