Os pescadores catarinenses, nos meses mais frios, têm a tradição da pesca da tainha. Por causa do formado de sua cabeça, tainhas não ficam presas nas malhas da rede comum. Então a sua pesca é feita através da “rede de lanço”, como se diz em Santa Catarina. Em praias de outras regiões do Brasil, essa rede é chamada de “arrastão”.
É preciso avistar quando um cardume está chegando, então uma pessoa fica em um lugar mais alto, olhando o mar. Quando percebe um cardume, pela ondulação das águas, faz sinais para os pescadores que saem em suas canoas, soltando uma enorme rede para cercar as tainhas. Se forem rápidos, e se o olheiro tiver acertado, eles conseguem fechar uma área do mar em torno do cardume e trazem a outra ponta da rede para a praia.
A cena é interessante de se ver. Os pescadores começam a gritar e a puxar a rede. Os cachorros latem, entrando na água. É uma festa. Como a rede pesa para ser puxada, por causa da pressão da água, quem está passando pela praia também pega na corda e ajuda a puxar.
Às vezes não vem nada: a rede chega vazia. E outras vezes ela vem cheia, com uma quantidade impressionante de peixe. Recentemente, em Porto Belo, litoral catarinense, um lanço pegou 17 mil tainhas.
Quando as tainhas já estão na areia, pulando, em grande número, os pescadores têm um costume digno de elogio: como agradecimento pela ajuda, dão tainhas para os voluntários que puxaram a rede.
Vamos trazer esta cena para a nossa vida pessoal, familiar e profissional?
Faça uma avaliação e veja quem lhe ajudou a puxar a sua rede, em algum momento decisivo de sua vida:
- a rede dos desafios
- a rede de uma palavra amiga
- a rede de um apoio
- a rede de uma visita oportuna
- a rede da segurança
- a rede do amor
- a rede da compreensão
Existem pessoas que que nos ajudam todos os dias. Muitas vezes, nem percebemos. Procure perceber as ajudas que recebe. Sei que você não vai dar uma tainha, mas não esqueça de agradecer. A gratidão é uma virtude importantíssima, que está em falta nos dias de hoje. Certamente você já conhece aquela história do comandante da força aérea norte-americana, que teve seu avião derrubado pela artilharia inimiga. Quando o avião começou a cair, ele se ejetou, o paraquedas abriu e ele se salvou. Um dia, ele conheceu a pessoa que dobrava o seu paraquedas. Então pensou: “Eu não conhecia esse homem e jamais pensei no trabalho dele, mas agora sei que, graças à excelência com que ele executa sua tarefa, o meu paraquedas sempre abriu quando eu precisei. E graças a isso estou vivo.” Hoje, esse ex-comandante faz palestras com o título “Quem dobrou seu paraquedas”.
Aproveitando essa história do paraquedas e o assunto da pesca, eu pergunto a você:
Quem o ajudou recentemente a puxar a sua rede? Ela estava pesada por causa de incertezas e de sentimentos como tristeza, dor, angústia, medo, mágoa, desconfiança, insegurança… Mas alguém o ajudou, sem que você precisasse pedir e, talvez, sem que você percebesse.
Tenho certeza de que sempre haverá uma mão a ajudar a puxar a sua rede.
A mão divina sempre estará presente, sem dúvida. Mas a mão humana é muito necessária e bem-vinda. Aliás, você também pode ajudar a puxar a rede das pessoas que estão próximas.
Abraços do
PROF. GRETZ.