Certa vez tive vontade de “mudar o visual”. Tinha emagrecido mais de 20 quilos, depois de adotar uma alimentação mais saudável e de passar a fazer ginástica diariamente (faço até hoje). Fiquei com mais disposição física, isso aumentou meu entusiasmo e se refletiu na qualidade das palestras, que ficaram mais bem-humoradas e interessantes. Então decidi cortar meu cabelo de um modo diferente. Um corte que marcasse minha personalidade e, ao mesmo tempo, fizesse com que eu me sentisse bem. Mas não sabia que tipo de corte seria esse. Até que, lendo uma revista, vi uma foto de um grupo de marines (fuzileiros navais norte-americanos), com um corte quadrado e os cabelos todos para cima. Achei o estilo interessante, mas o meu deveria ser um pouco mais alto. E com uma cor incomum.
No início dos anos 1990 não se via ninguém com algo parecido. Procurei um cabeleireiro, expliquei o tipo de corte que queria, ele segurou a tesoura, ficou olhando, então senti que estava inseguro e parei ali mesmo.
– Não, não precisa mais. Vou deixar assim mesmo.
– Como? Desistiu de cortar?
– É, desisti. Vou pensar melhor.
Saí do salão e entrei noutro, uma quadra adiante. Repeti a explicação. Senti que ele também não entendeu e fui para outro, e outro, e outro. Nada.
Ainda bem que sou persistente. Na décima tentativa, vi nos olhos do barbeiro, conhecido como Paulista, que ele tinha visualizado o meu estilo.
Mal comecei a descrever e ele disse:
– Já sei!
Abriu um sorriso, traduziu em sua linguagem de especialista o que eu tinha falado, então senti firmeza. Manejou a tesoura tão bem que conseguiu moldar exatamente o que eu havia imaginado. E durante mais de dez anos voltei lá, quase todo mês, para manter o feitio. Hoje, outros barbeiros já conhecem o corte. Mas o visual continua surpreendendo as pessoas pela rua, em qualquer parte do mundo onde eu esteja, até mesmo nas ruas de Pequim, na China.
É preciso coragem e muito bom humor para lidar com as diferentes reações das pessoas. Mas tem uma vantagem para meu trabalho como palestrante: sou reconhecido de longe. E as pessoas não se esquecem de alguém com um cabelo azul, todo para cima.
Há alguns meses, a Secretária de Educação de uma cidade queria me contratar para uma palestra e foi falar com o prefeito. Quando o prefeito perguntou a ela o meu nome, deu um branco e ela esqueceu. Desesperada, foi até o computador da prefeitura e colocou no Google: “Palestrante de cabelo azul”. Logo apareceu meu nome: “Prof. Gretz”.
Se você buscar qualquer assunto no Google, vão aparecer milhares de links para os mais diferentes sites na internet. Mas se procurar por “palestrante de cabelo azul”, os primeiros resultados serão deste que vos fala. Experimente.
3 Comentários.
Muito boa a entrevista no Jô Soares to adorando…
Boa Tarde Professor Gretz !
Fui em uma palestra sua, no final dos anos 90 quando trabalhava, em uma grande industria em Canoas – RS.
Pra mim , foi uma das melhores que assisti. Inovadora diria……….
Abraços
amigo suas palestras sao maravilhosas, isto vem de Deus,voce e apenas um instrumento.continui..ob.