Prof. Gretz
A motivação é uma porta que abre por dentro. Digo sempre isto em minhas palestras, porque muita gente acha que é possível motivar outras pessoas. Na verdade, ela já está em cada um de nós. Todos nascem com esse potencial de acionamento interno. Essa capacidade de querer ativamente, movimentando-se para a realização do que se almeja.
Portanto, ninguém motiva ninguém. Somente a si mesmo. Mas é possível incentivar o outro a se motivar. Mostrar-lhe caminhos para conseguir isso. Ajudar a pessoa a despertar a motivação que existe dentro dela, mas que pode estar adormecida, guardada no baú do desânimo, por causa de experiências que não deram certo no passado, ou da falta de perspectivas no momento presente. Motivação é movimento para o futuro. E, se faltam metas, se falta um sonho de vida, falta futuro.
Como sou palestrante motivacional, muitas vezes recebo cumprimentos de pessoas que me agradecem após uma palestra, ou enviam pelas redes sociais depoimentos e mensagens que me deixam muito feliz.
“Professor, suas palavras me motivaram para a realização de um objetivo de vida.” Mais exato seria dizer: “Quando vi sua palestra, fiquei motivado(a).”
Embora não sejamos motivados por outra pessoa e sim por nós mesmos, outras pessoas podem ajudar para que essa força interior desperte dentro de nós, assim como determinadas circunstâncias da vida podem nos acordar para uma mudança de atitude. Provavelmente isso já aconteceu com você também.
É como um time que está perdendo o jogo e, no intervalo, o técnico faz uma preleção para provocar mais empenho dos atletas. Às vezes ele usa palavras fortes e emocionais, outras vezes apela para a autoestima de cada um, lança o desafio da vitória, aponta detalhes que precisam ser melhorados, faz de tudo para acender o entusiasmo e a equipe volta para o segundo tempo com outra disposição. Mas o talento necessário e a decisão de se esforçar para vencer dependem de cada integrante da equipe.
No início da minha carreira profissional, aos vinte e poucos anos, eu saía todos os dias antes do sol nascer para trabalhar em São Bernardo do Campo, e no início da noite corria para o centro de São Paulo, onde dava aulas até 23 horas. Depois da meia-noite preparava um prato de macarrão instantâneo, que foi minha principal refeição noturna durante muitos meses. Deitava-me à uma hora para acordar às cinco e começar tudo de novo, trabalhando 18 horas por dia. Hoje, quase cinquenta anos depois, meu ritmo de trabalho continua intenso, viajando por todo o Brasil para fazer palestras, escrevendo livros e artigos, entre outras ocupações, além dos compromissos familiares, agora como avô.
Ao acordar, todos os dias fazia uma oração e pensava na minha vida. “O que estou fazendo aqui e onde quero chegar?” — perguntava a mim mesmo, mobilizando forças para seguir adiante.
Digo “mobilizando forças” porque essa força crescia no próprio movimento. Se eu ficasse sem fazer nada, ou me queixando da vida, a força adormecia. É o movimento que nos leva a agir e nos mantém vivos. Então descobri que movimento e motivo são palavras com a mesma origem. Sem movimento não há motivo, e vice-versa. Motivação é movimento para a ação e esta depende de um motivo.
Se você tiver um objetivo a alcançar,
terá motivo em sua ação. Motivação é isso.
Lembra da história de Moisés? No Salmo 90, ele escreveu: “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, por sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando.”
Depois da “canseira e enfado” dos 70 anos, ele viveu até 120 e conduziu todo o seu povo para a Terra Prometida. Inclusive os “chorões”, que saiu do Egito mas o Egito nunca saiu deles. Deus os fez ficarem 40 anos rodando no deserto, muitos morreram sem atingir o objetivo, inclusive o próprio Moisés, mas o legado ficou. Aquele povo se superou. A missão foi cumprida.
Moisés relutou bastante ao ser convocado por Deus para libertar seu povo da escravidão. Tentou recusar a missão, disse que não iam acreditar nele, porque não tinha facilidade para se expressar e convencer as pessoas, chegou a dizer a Deus que seria melhor convocar outra pessoa. Mas acabou aceitando o desafio.
Esta é uma das chaves da porta que se abre por dentro: o desafio. O próprio Criador, ao convocar Moisés para sua missão, fez isso mostrando-lhe a chave, o desafio que ele próprio precisava assumir.
E todos nós, no dia a dia, podemos ajudar outras pessoas a encontrar suas chaves. O líder com sua equipe, em uma empresa. Os pais, com seus filhos. O amigo, diante de outro que se mostra desanimado diante das dificuldades da vida.
Além do desafio, outra chave é o elogio. Mostrar ao outro que ele tem valor, despertar sua autoestima para confiar em sua capacidade de vencer. E o reconhecimento, mais uma chave poderosa, que pode ser mostrada ao outro por nossa gratidão, pelo modo sincero de agradecer, registrando que ele fez algo importante para nós. Estimular não é apenas usar palavras de incentivo. É preciso que cada pessoa se sinta valorizada em sua capacidade de realização.
Para superarmos qualquer obstáculo – desde os mais simples, no dia a dia, até os grandes desafios que poderão transformar nossa vida – temos que estar motivados. A motivação, portanto, vem antes, é invisível, interna, enquanto a superação é visível, manifesta-se externamente, em nossas ações.
Então vamos em frente, motivando-nos para superar. A caminhada para o futuro começa agora. Como disse Lucas (13:33): “Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã e depois.”